“VIVE… MAS NÃO EXISTE!”

Foi um caso comum, que acontece quase todos os dias. Um homem apresentou-se num conhecido banco de Lisboa e entregou um cheque ao balcão. Devia receber a importância de 50 contos, o valor do cheque. Mas não recebeu dinheiro algum. E por quê? Não lhe deram os 50 contos porque não podia identificar-se convenientemente, pois esquecera-se de levar a carteira de identidade. Hoje em dia são precisos tantos documentos: CNH, cartão dos seguros, passe social para viajar nos ônibus e tantos outros. E quase todos levam a nossa fotografia. Sim, prezado amigo, o cidadão deste século XXI anda muito bem identificado.
          Mas, imagine se não tivéssemos documento algum. Se você, caro amigo, não tivesse carteira de identidade, por exemplo. Pois sem este precioso documento, teria bastantes problemas de ordem legal, além de não poder levantar dinheiro no banco, como aconteceu ao nosso amigo de quem falávamos. Mas, pior ainda, sem a carteira de identidade não lhe seria possível conseguir os outros documentos todos. Mas, dirá, é relativamente fácil tirar carteira de identidade desde que tenha a certidão de nascimento. Pois a certidão é a base de tudo, é a prova de que nascemos. E se não existissem certidões, caro amigo?
            Hoje vamos relatar o caso de uma pessoa que passou quase cem anos neste mundo e nunca teve documento algum. Nem carteira de identidade, nem passaporte, nem CNH. Pois não tinha certidão de nascimento e, por isso, não conseguiu mais documento nenhum. Era uma senhora, de nome Laura Santos, e vivia na cidade de Madri, na Espanha. Mas, vamos pelo princípio, caro amigo.
                  Saiu do ventre materno envolto em água e sangue. Esperneou, chorou e foi lavado em água fria e envolto em panos velhos. Logo, foi colocado ao peito maternal. E o bebê recém-nascido bebeu avidamente da linfa da vida. O seu primeiro alimento, a sua maior comida, quiçá, o único prazer que receberá nesta vida.
                 Assim nascem os bebês no campo, nos lugares afastados das cidades. E o nascimento que acabamos de descrever aconteceu, não na Espanha, mas, sim, no Peru, na América do Sul. Comentando o caso, o sr. Alberto Padilla, Diretor Geral de Demografia do Peru disse: “Provavelmente, este bebê será uma dos 140.000 crianças que nascem sem serem inscritas no Registo Civil. Viverá toda a sua existência como puder, e quando morrer, tão pouco será registrada a sua morte nos registros oficiais. Será um dos tantos vivos mortos e mortos vivos.
              Mas não é só no Peru que estas coisas acontecem. A madrilena Laura Santos foi um destes casos. Nasceu no ano 1880 e foi depositada à porta de um orfanato dirigido por freiras. Estas puseram-lhe o apelido da presumível mãe, Júlia Santos, criada do orfanato. No entanto, esqueceram-se de registrar a criança e, desde aquela omissão burocrática, Laura Santos teve que atravessar todos aqueles anos sem documentos de identidade.
                  Aquele erro centenário impediu, entre outras coisas, que a anciã recebesse uma  pensão   de  velhice que lhe permitisse percorrer, sem sobressaltos, os últimos degraus da sua longa vida.  Laura  Santos era,também, um dos tantos vivos mortos e mortos vivos. Tinha quase cem anos e não existia.
           E há muitas pessoas assim, caro amigo. Vivem como qualquer outra pessoa. Comem, dormem, trabalham, casam-se, têm filhos, mas existência legal não têm. Vivem, mas oficialmente não têm existência. Não pagam impostos, nem fazem serviço militar, porque o país os desconhece. Nem tão pouco podem herdar, fazer testamento ou apresentar qualquer queixa judicial. São como escreveu, uma vez, um poeta:”Mortos não são os que dormem na tumba fria. Mortos são aqueles que morreram na alma, e vivem todavia”. Ora, prezado amigo, carecer de documentos de identificação é ser um morto legal, embora vivendo fìsicamente. Mas, como observa o poeta, a pior morte é a da alma.
              Os verdadeiros mortos-vivos, segundo a Bíblia, são aqueles que, embora vivendo para com o mundo, todavia, para com Deus estão mortos. Isto é, são como se não existissem. Perante Deus, a humanidade divide-se em dois grupos apenas: os vivos e os mortos. Os vivos são aqueles que já receberam uma nova vida – a vida eterna, e os mortos são aqueles que, embora possuindo vida física, ainda não receberam esta vida nova. E como podemos receber esta nova vida? O apóstolo João, na Bíblia, explica como, nas seguintes palavras: “O testemunho é este: Deus deu-nos a vida eterna, e essa vida é-nos oferecida por meio do Seu Filho”. E o apóstolo acrescenta mais algumas palavras cheias de significado: “Quem tem o Filho de Deus tem a vida eterna. Quem não tem o Filho de Deus não tem a vida eterna”.
                 Quer dizer, quem não possui documentos de identificação é um morto legal, mas quem não tem Cristo é um morto espiritual. E o morto espiritual, além de não viver para Deus aqui neste mundo, não terá lugar na Sua Presença naquele mundo do além-tumulo. Caro amigo, não quer viver para Deus aqui e para sempre?